quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Morus e Campanella: Utopia e Cidade do Sol.


No século XVI, Thomas Morus publicou seu projeto utópico, porém descolado da esperança cristã no reino de mil anos. No livro Utopia, o marinheiro Rafael relata a sociedade igualitária, livre e prazerosa que conheceu em uma de suas viagens. Por um lado, não há o milenarismo ou o quiliasmo, por outro, há a indicação de um mundo melhor e possível de ser construída por mãos humanas.

Campanella, no início do século XVII, desenvolveu sua utopia – a Cidade do Sol –, baseada na ordem e na astrologia. Não há propriedade privada e trabalha se quatro horas por dia, mas tudo é regido pelos astros. O bem estar de todos depende de orientar-se corretamente pelos movimentos dos corpos celestes.

Ambos, Morus e Campanella, afastaram-se do quiliasmo e aproximaram-se da sociedade racional idealizada por Platão. No entanto, enquanto Thomaz Morus baseou-se em relatos do comunismo primitivo ameríndio, Campanella parece ter baseado sua utopia no Império Asteca. Para o historiador Lewis Munford, a Cidade do Sol uniu a República de Platão com o Império de Montezuma.

              O desejo por igualdade na Utopia de Morus alimentou-se também do pensamento burguês, ainda incipiente e que buscava a diminuição das desigualdades entre nobres e plebeus. O desejo por ordem social de Campanella, por sua vez, alimentou-se do processo de centralização absolutista e com o avanço da manufatura, organizada de forma ampla e unificadora.

Trecho retirado do livro Utopias Esquecidas.