sábado, 28 de maio de 2016

A TRADIÇÃO


A Tradição


Verba volant, scripta manent,
indico nesta epístola,
um pouco de nossas práticas,
costumes e ideias que se repetem,
em formas diversificadas,
é também um recado,
que tu verás de mal grado,
mas deves ler preocupado,
pois deves perceber,
nosso imenso poder,
criamos o patriarcado,
a primogenitude,
a propriedade privada,
e também a herança,
neste nosso clã,
somos todos traidores,
mas fiéis à tradição,
nossa fidelidade canina,
é para com a soberba desrazão,
apunhalamos pelas costas,
delatamos o salvador,
não importa quanto dor,
nossa ação causa aos inocentes,
pois os nossos interesses,
tingidos de glória.
a escolha mais óbvia.
dourada resplandecente,
surge espontaneamente.
Meu caro,
é imenso,
todo esse consentimento!

quarta-feira, 25 de maio de 2016

DRAGÕES DO VIL METAL


Em grandes cavernas,
em castelos abandonados,
em amplos salões,
de tetos abobadados,
escamas avermelhadas,
do sangue de suas vítimas,
usam da força bruta
dispensam as artes místicas.


Dragões do vil metal,
por muito tempo construíram,
(enquanto a paz destruíam)
um brilhante cabedal.


Porém,
aparenta a cobiça,
ser então infinita,
cai flamejante,
a fúria retumbante.


Jaz o velho bosque,
outrora verdejante,
em brasas retorcidas,
travessias e vilas,
em pó ou ruínas,
assim se faz a sina,
deste tal legado,
quiçá consumado,
deixar tudo revirado,
em desventura desolado.


Chora então o profeta,
ademais agoureiro,
sua vitória mais cinza,
o dito certeiro.


Feito verso e prosa,
nos lares replicado,
sacrifício delicado,
renúncia duvidosa:
casto relicário,
avulta graciosa,
feito voluntário
desvanecem convalidas
em prol das feras ditas.


Das terras nobre senhor,
sob guarda decidida,
pois alma tão sofrida,
acalenta velha dor,
cada homem assim se faz,
cavaleiro contumaz,
pois de tal juízo,
faz-se o final,
e sem muito siso,
e mais recear,
pois então aumentar,
a carga o tributo,
e sem muito luto,
ao ser entregar,
e ratear diminuto,
vasto salvo-conduto.


Cisma incessante,
el rei hesitante,
não surge o bem-dito,
ecoa sibilante,
e ainda ululante,
das terras do aflito,
assim se faz do grito,
ademais veredito.


Dragões do vil metal,
apesar das oferendas,
desfaz-se o acordo,
ignora-se o trato,
faz por agrado,
o inverso do belo,
caos e flagelo.


Entre os homens,
traição e desistência,
mas nunca cessa e mais avança,
mistério e aliança,
luta e resistência.

domingo, 1 de maio de 2016

VERTIGEM


VERTIGEM



Dos ouvidos e olhos,
o coração e a mente,
deveras exigem,
esconder febrilmente,
a louca vertigem,
o cair plenamente.


O coração e a mente,
querem taticamente,
mas é desesperadamente,
tal qual escuro palco,
do vermelho teatro bélico,
desconhecer o mefistofélico,
desfazer ilusoriamente,
o truque maquiavélico.


Afastar intensamente,
a lebre soturna decadente,
a paixão ardente,
ainda é desejo da mente.


Não desejo ver,
prateada velozmente,
voadora, a raposa,
a paz desprover.


Os ratos tudo tentam,
e tenazmente ostentam,
o total desencanto,
gerando o mal pranto,
destruir usando hordas,
alcateias sarcásticas,
togadas... midiáticas.


Antes,
bem dormir preciso,
antes do mal incisivo,
do tipo ruim corrosivo,
bela, recatada e letal,
jovem e boa esposa, fatal,
exortada cabalmente,
pelo querido mais crente,
acionado tragicamente,
lançando-me sem proteção,
na mais eterna escuridão.