sábado, 12 de março de 2016

A BRUXA. O terror da opressão religiosa.

(Aviso: spoiler). A história, a tensão e o cenário do filme lembrou-me muito o filme Anticristo, de Lars von Trier. No filme Anticristo, a personagem feminina se convence de que a natureza e o feminino são elementos cruéis. O fim do filme de Lars von Trier indica que a natureza também tem seu lado protetor. No filme A Bruxa, sentimos a tensão gerada pela opressão dos desejos, sentimentos e instintos humanos. Quando a jovem aceita o demônio e junta-se às bruxas, a tensão e a opressão desaparecem. A jovem respira aliviada e serenamente. As mulheres a levitar indicam a leveza em contraposição à tensão e opressão religiosa.

Algumas questões ou mistérios parecem não ter respostas.  Como o bebê foi raptado? Existiam bruxas próximas ou era sonhos ou pesadelos dos personagens? O marido era subserviente à esposa, nutria por ela excessiva cautela ou se tornava frágil ao entrar em contradição entre salvar a família da fome e demonstrar ser um homem bom, corajoso e honesto? Parece-me que o marido culpa-se pelo fato de sua família ter sido expulsa do vilarejo e que ele tem uma origem mais humilde.

O fanatismo religioso costuma unir as pessoas, no entanto, o orgulho e fanatismo religioso do marido levou sua família ao isolamento. Talvez desejasse fundar no futuro uma nova comunidade e se tornar um líder religioso, mas uma série de infortúnios indicava que a crença no deus provedor devia ser revista. A tentação de revisar, de diminuir ou afastar a crença é vista pelo casal como obra do demônio. 

A jovem do filme A Bruxa e a viúva do filme Babadook aceitam a convivência com o monstro ou com o demônio, aceitam e compreendem parte da força de seus próprios desejos e anseios, ou seja, obtêm-se algo libertador, superam a excessiva opressão que aprisionava, sufocava e escondia seus sentimentos e instintos.