sábado, 15 de fevereiro de 2014

Cristianismo, política e utopias



O entendimento (por parte de Ernst Bloch) do potencial revolucionário existente na Bíblia e do caráter eminentemente político do Evangelho - calcados na esperança - foi bem acolhido pelos teólogos Jürgen Moltmann, Johann Baptist Metz, Gustavo Gutiérrez e Leonardo Boff. 

Foi a partir destas discussões teológicas europeias - mais especialmente alemãs - suscitadas pelo pensamento blochiano que dois teólogos latino-americanos fundamentaram a teologia da libertação em 1971. Um olhar sensível, católico e "marginal" latino-americano e um agir solidário em meio à miséria e injustiça ganharam, portanto, fortes estruturas e legitimações a partir da teologia da esperana, da nova teologia politica e do pensamento blochiano.

Apoiando-se em Marx, em Ernst Bloch e em Moltmann, o pensador peruano também buscou superar a tradicional separação entre teoria e práxis. Portanto, a teologia da libertação devepartir da prática e ser comprovada e validade na práxis. Partindo de Bloch e Moltmann, Gutiérrez iluminou a força da esperança dos pobres e marginalizados contida na Bíblia. Nesse sentido, o povo oprimido latino-americano mostra-se como um dos principais detentores de uma ativa e inquieta esperança cristã.


Trechos retirados do livro Utopias Esquecidas. Origens da Teologia da Libertação.