Projeto Nova Harmonia de Robert Owen |
Algumas utopias segundo Ernst Bloch
No século XIX, surgiram novas e fortes utopias sociais
– pois os ideais da revolução burguesa tornaram-se demasiadamente abstratas. Já
em 1800, Fichte uniu o direito natural ao desejo de ordem do tipo Campanella no
texto O Estado comercial fechado. Segundo
Fichte, uma economia baseada na livre competição de interesses individuais
(conforme defendido por Adam Smith) traz como consequência o desemprego,
desigualdades sociais e crises econômicas.
A industrialização na Inglaterra, no início do século
XIX, criou uma grande camada social de proletários em condições de extrema
pobreza e de trabalhos degradantes. Robert Owen indicou a necessidade de
reformas na produção capitalista com vistas à diminuição da exploração sobre o
proletário. Indicou também que um trabalhador bem nutrido e mais satisfeito
produziria o dobro de trabalho e algo melhor do que um “escravo de galé”. No
entanto, Owen buscava primeiramente uma sociedade mais humana ao invés do
aperfeiçoamento da produção capitalista. Posteriormente, desenvolveu sua
utopia: aldeias baseadas na agricultura e no artesanato, onde haveria harmonia
e liberdade e não haveria propriedade privada. Também a partir da Inglaterra, Fourier,
antes de Marx, afirmou que a pobreza é correlata à opulência capitalista. A
utopia de Charles Fourier consistia em comunidades harmônicas baseadas no amor
cristão ao semelhante – apesar de ter sido um grande crítico da “civilização” cristã
burguesa.
Owen e Fourier desenvolveram utopias bucólicas, de
liberdade e federativas. Os franceses Étienne Cabet e Saint-Simon desenvolveram
utopias industriais, rigorosamente ordenadas e centralistas. Na Icária de
Cabet, também se trabalha menos e tudo é redigo pela técnica e pela ciência,
com vistas a uma economia planificada. Na utopia de Saint-Simon os juízes e os
governantes são os engenheiros, os tecnocratas e os cientistas.
Entre as utopias pré-marxistas, também se encontrava o
anarquismo. Contra a coação estatal e as leis, Stirner defendia o
hiper-individualismo e Prodhoun desejava uma sociedade de pequenos
proprietários totalmente autônomos cujas relações econômicas seriam baseadas em contratos. Para
Bakunin , o Estado é o causador de todos os males.
Por sua vez, o proletário Weitling não acreditava mais
em medidas socialistas “com ajuda” da classe dominante. Seu mundo utópico era
bastante ordenado e construído e mantido a partir do amor fraternal e cristão.
As utopias sociais pré-marxistas de Owen, Fourier,
Cabet, Saint-Simon e de Weitling descrevem o mundo utópico de forma bastante
ilustrativa, mas os meios de realizar estas utopias foram descritas de forma
precária – em contraste com Marx, que detalhou os meios de superar o
capitalismo e pouco revelou sobre a sociedade sem classes. Por outro lado, os
anarquistas buscavam a utopia de forma imediata e irracional.
Texto retirado do livro Utopias esquecidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário