domingo, 14 de julho de 2013

Algumas utopias segundo Ernst Bloch

Projeto Nova Harmonia de Robert Owen

Algumas utopias segundo Ernst Bloch

No século XIX, surgiram novas e fortes utopias sociais – pois os ideais da revolução burguesa tornaram-se demasiadamente abstratas. Já em 1800, Fichte uniu o direito natural ao desejo de ordem do tipo Campanella no texto O Estado comercial fechado. Segundo Fichte, uma economia baseada na livre competição de interesses individuais (conforme defendido por Adam Smith) traz como consequência o desemprego, desigualdades sociais e crises econômicas.

A industrialização na Inglaterra, no início do século XIX, criou uma grande camada social de proletários em condições de extrema pobreza e de trabalhos degradantes. Robert Owen indicou a necessidade de reformas na produção capitalista com vistas à diminuição da exploração sobre o proletário. Indicou também que um trabalhador bem nutrido e mais satisfeito produziria o dobro de trabalho e algo melhor do que um “escravo de galé”. No entanto, Owen buscava primeiramente uma sociedade mais humana ao invés do aperfeiçoamento da produção capitalista. Posteriormente, desenvolveu sua utopia: aldeias baseadas na agricultura e no artesanato, onde haveria harmonia e liberdade e não haveria propriedade privada. Também a partir da Inglaterra, Fourier, antes de Marx, afirmou que a pobreza é correlata à opulência capitalista. A utopia de Charles Fourier consistia em comunidades harmônicas baseadas no amor cristão ao semelhante – apesar de ter sido um grande crítico da “civilização” cristã burguesa.

Owen e Fourier desenvolveram utopias bucólicas, de liberdade e federativas. Os franceses Étienne Cabet e Saint-Simon desenvolveram utopias industriais, rigorosamente ordenadas e centralistas. Na Icária de Cabet, também se trabalha menos e tudo é redigo pela técnica e pela ciência, com vistas a uma economia planificada. Na utopia de Saint-Simon os juízes e os governantes são os engenheiros, os tecnocratas e os cientistas.

Entre as utopias pré-marxistas, também se encontrava o anarquismo. Contra a coação estatal e as leis, Stirner defendia o hiper-individualismo e Prodhoun desejava uma sociedade de pequenos proprietários totalmente autônomos cujas relações econômicas seriam baseadas em contratos. Para Bakunin, o Estado é o causador de todos os males.

Por sua vez, o proletário Weitling não acreditava mais em medidas socialistas “com ajuda” da classe dominante. Seu mundo utópico era bastante ordenado e construído e mantido a partir do amor fraternal e cristão.

As utopias sociais pré-marxistas de Owen, Fourier, Cabet, Saint-Simon e de Weitling descrevem o mundo utópico de forma bastante ilustrativa, mas os meios de realizar estas utopias foram descritas de forma precária – em contraste com Marx, que detalhou os meios de superar o capitalismo e pouco revelou sobre a sociedade sem classes. Por outro lado, os anarquistas buscavam a utopia de forma imediata e irracional.

Texto retirado do livro Utopias esquecidas

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